A visão do empresário pela sociedade
- Lucas Izoton

- 13 de out.
- 2 min de leitura

No Brasil, as empresas privadas são o grande motor de geração de empregos. Estatísticas recentes mostram que existem cerca de 102 milhões de pessoas ocupadas e que apenas 12% atuam no serviço público. Ou seja, 88% dos postos de trabalho estão no setor privado, que inclui micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), microempreendedores individuais (MEI) e trabalhadores informais. Enquanto o setor público emprega uma parcela menor da população, é o dinamismo das empresas privadas que sustenta a maior parte das oportunidades de trabalho.
Desde a infância e adolescência, tive experiências empreendedoras e, já na universidade, senti a necessidade de realizar projetos diferenciados. Em alguns obtive sucesso; em outros, não. Mas acertar e errar faz parte da vida. Até hoje, com idade avançada, continuo trabalhando cerca de setenta horas por semana. Para mim, isso não é sacrifício. Quem empreende, normalmente, gosta muito do que faz e, no fundo, o trabalho se torna uma diversão.
Quando estive na presidência da Findes – Federação das Indústrias do Espírito Santo – e fui diretor regional do SESI, implantamos a pedagogia empreendedora para os alunos. O objetivo era estimular o espírito empreendedor: ensinar as crianças a não desistirem dos seus sonhos, a transformá-los em metas, a cultivar bons relacionamentos e a planejar para alcançar seus objetivos. Tenho muito orgulho de ter participado, junto com nossa equipe, dessa importante iniciativa.
Em uma reunião empresarial com quase uma centena de empreendedores, perguntei quem havia começado a trabalhar com quinze anos de idade ou menos. Mais de 80% levantaram a mão. Provavelmente, isso não seria possível nos tempos atuais, diante da legislação vigente. Outro detalhe chama atenção: a maioria dos empresários não se aposenta. Pode até reduzir o ritmo, mas continua trabalhando até o fim da vida.
Empreendedores são, em sua essência, pessoas que enxergam oportunidades onde outros veem problemas. Têm uma tendência natural à iniciativa, à inovação, ao desejo de realizar algo novo, aceitam correr riscos e não se acomodam. É como se usassem uma lente diferente: onde muitos veem apenas barreiras, eles identificam caminhos possíveis. É claro que nem todos os empreendedores são bem-sucedidos ou inovadores, mas os que se destacam criam impactos significativos em sua região ou até no mundo.
Infelizmente, parte da sociedade ainda enxerga o empresário apenas como alguém obcecado por lucro. Esse olhar simplista ignora que os empreendedores são fundamentais para o desenvolvimento das regiões, gerando empregos, promovendo inovações e melhorando a qualidade de vida. Assim como em qualquer profissão — seja médico, atleta ou artista —, há quem se destaque e, por isso, desperte inveja ou julgamentos injustos.
Os lugares com maior presença de empreendedores costumam apresentar mais dinamismo econômico e melhor qualidade de vida. Um ecossistema empreendedor saudável significa mais soluções inovadoras, mais serviços e um ambiente onde a população encontra amplas oportunidades de trabalho e crescimento. Em outras palavras, as cidades e regiões com forte atividade empreendedora tendem a prosperar mais e oferecer melhores condições para todos.
O empresário não deve ser visto apenas pela lente da desconfiança ou do lucro. Ele é um agente de mudança e desenvolvimento. Ao reconhecer que o empreendedorismo traz benefícios amplos para a sociedade, podemos valorizar essas pessoas e criar um ambiente em que todos ganhem.








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