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Experiência de um leigo com o vinho

O vinho acompanha a humanidade há milênios. Registros arqueológicos indicam sua produção entre 8.000 e 5.000 a.C., com os egípcios, gregos e romanos sendo seus principais difusores nas civilizações antigas. Na mitologia grega, Dionísio era o deus do vinho, das festas e do teatro. Para os romanos, passou a ser chamado Baco. Na tradição cristã, o primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho — não por acaso, em uma festa de casamento. Desde sempre, o vinho simboliza celebração, encontro e alegria.


Minha relação com o vinho, como a de muitos brasileiros, começou de forma simples, nos anos 70/80, com um vinho alemão de garrafa azul, o famoso Liebfraumilch. Na época, não me preocupava com rótulos, taninos ou safras — apenas experimentava. Com o tempo, vieram viagens, visitas a vinícolas, degustações e encontros com amigos que também apreciavam a bebida. Mas, mesmo depois de conhecer vinhedos no Brasil e em vários países, continuo me considerando um leigo.


Já visitei Mendoza, com seus Malbecs; caminhei pelos parreirais do Vale do Maipo e de Colchagua; provei vinhos brancos ao entardecer em Casablanca; descobri a uva Pinotage nas encostas de Stellenbosch; e já brindei com bons Bordeaux. Aprendi que nenhuma taça supera uma boa companhia. Um vinho extraordinário, em uma mesa fria e silenciosa, perde muito de sua magia. Já um vinho simples, entre amigos verdadeiros, pode se tornar inesquecível.


Em uma degustação às cegas da qual participei, o vinho mais barato foi eleito o melhor da noite. Aquela surpresa reafirmou algo em que sempre acreditei: vinho bom não é necessariamente o mais caro — é o que desperta prazer, conversa, conexão.


Outro dia, em um supermercado, dois jovens estavam diante da prateleira de vinhos, indecisos. “A gente não entende nada, só quer um vinho bom e barato.” Sorri e sugeri: “Procurem um chileno, uva Cabernet Sauvignon, nome começando com ‘Santa’ e preço acessível. Pode confiar.” Eles sorriram e agradeceram. Certamente foi um bom começo.


Também é comum amigos me perguntarem: “E quando estiver na França, que vinho tomar?” Minha resposta é sempre a mesma: “Escolha um rótulo de Bordeaux que caiba no seu bolso. É difícil errar.” Não é preciso saber decantar, girar a taça com estilo ou identificar aromas de frutas silvestres. Basta brindar com quem se gosta — e deixar o vinho fazer o resto.


Confesso que já fui um enófilo empolgado, tentando identificar aromas, acidez e corpo. Em alguns momentos, talvez até flertando com o “enochato”. Mas hoje, com mais maturidade, reconheço-me como um simples apreciador: aquele que bebe por prazer, com alegria, sem frescura.


Como disse Napoleão Bonaparte: “Nas vitórias, o vinho é merecido. Nas derrotas, é necessário.” Shakespeare completou: “O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria.” E eu acrescento: o melhor vinho não é o mais caro, nem o mais premiado — é aquele que bebemos com gente que nos faz bem.


Porque, no fim das contas, o vinho não é sobre técnica. É sobre emoção. É sobre estar presente. E brindar à vida.

 
 
 

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