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Nós contra eles? Quem somos nós, quem são eles?

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O Brasil atravessa um momento perigoso de radicalização do discurso. A retórica do “nós contra eles” — que deveria ser apenas um recurso de campanha — se tornou uma forma permanente de dividir a sociedade. O problema é que, quando aceitamos viver sob a lógica da trincheira, enxergamos todo cidadão como aliado ou inimigo, e não mais como parte de um mesmo país.


Essa polarização se manifesta em todos os espaços: brancos contra negros, nordestinos contra sulistas, homens contra mulheres, esquerda contra direita. Trata-se de uma falsa dicotomia, estimulada por ideologias extremadas e por líderes que preferem manter sua base inflamada em vez de buscar o diálogo. O equívoco é grave: em vez de fortalecer a democracia, mina-se a confiança no outro e se corrói a noção de comunidade nacional.


Não apenas o Executivo e o Legislativo se utilizam dessa lógica. Também o Judiciário, ao se expressar publicamente de forma enviesada, reforça a sensação de que a divisão é institucional. O que deveria ser espaço de equilíbrio e neutralidade muitas vezes se apresenta contaminado pelo mesmo vício que se critica.


A imprensa, por sua vez, tem papel crucial. No entanto, parte dela também aderiu ao jogo. Hoje, basta ler o título de uma matéria ou a primeira frase de uma reportagem para identificar, com alto grau de certeza, o viés ideológico de quem escreveu. Em vez de informar, a notícia frequentemente se torna instrumento de militância. Isso fragiliza a credibilidade da imprensa e compromete a função essencial de mediar os fatos com isenção.


Mas afinal: a quem interessa esse ambiente de divisão? Certamente não ao povo brasileiro. Interessa, sim, a líderes que desejam manter suas bolhas mobilizadas e suas posições asseguradas. O discurso radical alimenta o engajamento, aplaudido pelos eleitores cativos. Só que há um detalhe incômodo: e o outro terço da população, que não se vê representado em nenhuma dessas trincheiras? Esse grupo, silencioso e crescente, rejeita a radicalização e anseia por soluções práticas, não por slogans.


Aqui vale recordar as palavras de Mahatma Gandhi: “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.” Se no passado a lógica do “nós contra eles” até foi bem-sucedida em termos eleitorais, hoje o Brasil precisa virar a página e escrever uma nova história, construída na união da população.


Do mesmo modo, é inspirador lembrar Nelson Mandela, que após o fim do Apartheid escolheu a reconciliação em vez da vingança. Ele dizia que, “se as pessoas podem aprender a odiar, também podem aprender a amar quem pensa diferente.” Essa lição vale para nós: só haverá futuro se aprendermos a respeitar divergências e transformar diferenças em riqueza de ideias.


Corrigir essa distorção exige coragem. É preciso recuperar o valor da palavra união como princípio da vida pública. Significa reconhecer que adversários políticos não são inimigos a serem destruídos, mas brasileiros com visões distintas. Significa exigir da imprensa isenção para ter credibilidade, do Judiciário imparcialidade e dos políticos responsabilidade.


O Brasil só será maior quando entendermos que não existem dois países em guerra, mas um só povo que precisa caminhar junto. O futuro não pertence ao “nós contra eles”, mas ao nós com eles, unidos por um destino comum.

 
 
 

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