Quem lê conversa com os sábios: o poder transformador da leitura
- Lucas Izoton

- 24 de nov.
- 2 min de leitura

O título deste artigo — “Quem lê conversa com os sábios” — é uma frase que ouvi ainda na adolescência e que jamais esqueci. Ela traduz, de forma simples e profunda, o poder transformador da leitura. Quando alguém se dedica a um livro, está, na verdade, dialogando com o autor — partilhando seus pensamentos, experiências e visões de mundo. Ler é uma conversa silenciosa que atravessa o tempo e o espaço; é aprender com os mestres da humanidade sem jamais precisar encontrá-los.
Não é por acaso que especialistas em educação afirmam: para termos um país com mais escritores, precisamos, antes, de um país com mais leitores. A leitura é a base da formação humana e o alicerce do desenvolvimento de qualquer nação. No entanto, o cenário brasileiro ainda é preocupante.
Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) de 2024, cerca de 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são considerados analfabetos funcionais. Ou seja, mesmo sabendo ler e escrever, enfrentam dificuldades para interpretar textos simples ou realizar operações matemáticas básicas. Pior: esse índice praticamente não evolui há anos — o mesmo patamar de 2018 — enquanto, em países desenvolvidos, o número gira em torno de 10%.
Esse déficit de compreensão leitora não compromete apenas o desempenho escolar ou profissional. Ele limita a capacidade de pensar criticamente, de participar plenamente da sociedade e até de navegar no universo digital, onde a leitura é ferramenta essencial de inclusão e cidadania.
Sabemos que o caminho da mudança passa por investimentos consistentes em educação. No entanto, o estímulo à leitura não é responsabilidade exclusiva da escola — é também dever das famílias. Pais leitores formam filhos leitores. E, infelizmente, muitos pais não conseguem transmitir esse hábito porque nunca o cultivaram. O exemplo, mais do que o discurso, é o verdadeiro mestre.
O hábito da leitura é fundamental para a formação individual e profissional, pois desenvolve o pensamento crítico, estimula a criatividade e amplia o vocabulário. Além disso, melhora a capacidade de comunicação e diálogo, ampliando o conhecimento de mundo.
Outro dado preocupante mostra que, em países mais desenvolvidos, cada pessoa lê, em média, cinco vezes mais livros por ano do que o brasileiro. Essa diferença revela o quanto ainda precisamos avançar para transformar o Brasil em uma nação leitora.
Pessoalmente, sempre fui um leitor assíduo. A leitura ampliou meus horizontes, inspirou minhas ideias e me levou à escrita. Já publiquei mais de uma dezena de livros, que vão desde experiências em caminhos como Santiago de Compostela e a Terra Santa até obras sobre gestão, vendas e educação ambiental. O mais recente, “Vencedores”, traz lições de nomes como Jeff Bezos, Walt Disney, Steve Jobs e Bill Gates — personalidades que transformaram o mundo por meio de ideias e ação.
O Brasil ainda precisa de políticas públicas mais eficazes de incentivo à leitura. Mas, mais do que isso, precisamos de um movimento cultural que valorize o livro como instrumento de liberdade e ascensão social. Ler é um ato revolucionário — e silencioso — que muda o destino das pessoas e das nações.
Como dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros.” Eu acrescentaria: um futuro melhor para o Brasil se constrói com mais leitores.








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